About Guia de Gênero, Raça e Etnia
O “Guia para jornalistas sobre gênero, raça e etnia” pertence à agenda de trabalho articulada entre a FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas e a ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (antes Unifem) a partir do Memorando de Entendimento assinado em agosto de 2010. A primeira atividade é a criação de um curso para a formação de jornalistas e estudantes de Jornalismo na temática de gênero, raça e etnia nos estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Pará, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Esta publicação é uma ferramenta do plano pedagógico do curso de formação de jornalistas na temática de gênero, raça e etnia. Tem o propósito de auxiliar jornalistas (que desempenham as funções de produção, reportagem, redação, edição e direção de redação) e estudantes de Jornalismo na tarefa de cobrir os temas com recorte de gênero, raça e etnia no dia a dia da imprensa.
Historicamente, a mídia recusa a adoção de uma perspectiva de gênero em seus conteúdos e reforça os estereótipos de gênero, raça e etnia, limitando a veiculação da opinião das mulheres em geral e invisibilizando a participação das mulheres negras e indígenas em todas as esferas da sociedade. Estas últimas, em razão da combinação do sexismo, do racismo e do etnocentrismo, estão na base da sub-representação, não têm suas demandas específicas contempladas na agenda midiática e ainda enfrentam o estereótipo de inferioridade intelectual, estética e moral.
A proposta de construção de uma mídia mais plural e igualitária vem de longa data. Além da pressão dos movimentos sociais brasileiros, com destaque para o Movimento Negro, a FENAJ (fundada em 1946) sempre se destacou no esforço pela adoção de regras que organizassem a profissão de jornalista e garantissem o acesso público à informação ética e plural da sociedade.
Já a ONU Mulheres, criada em julho de 2010 pela Assembleia Geral da ONU, surgiu com a missão de promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, através do atendimento das demandas das mulheres e meninas em todo o mundo. Os compromissos da ONU Mulheres são:
1) apoiar atividades inovadoras que beneficiem as mulheres, conforme as prioridades nacionais e regionais; 2) garantir a participação das mulheres nos processos de desenvolvimento; e 3) desempenhar um papel catalisador dentro do Sistema das Nações Unidas com respeito à incorporação da perspectiva de gênero nos projetos e programas para o desenvolvimento.
Essa agenda de cooperação entre a FENAJ e a ONU Mulheres tem, portanto, o propósito de criar ferramentas para a promoção de uma mídia plural, inclusiva e isenta de discriminações e estereótipos de gênero, raça e etnia. E, nesse contexto, incentivar a igualdade de gênero e o atendimento das demandas das mulheres por meio da mídia.
Essa parceria entre a FENAJ e ONU Mulheres nasceu em resposta às demandas deflagradas por jornalistas negros e negras em várias partes do país – cujo movimento iniciou-se nos anos 2000. Organizados nas Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial e no Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros, vinculados aos sindicatos de jornalistas associados à FENAJ, atuam nos seguintes estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Alagoas, Bahia e Paraíba; além do município do Rio de Janeiro e do Distrito Federal. Desde 2010, as comissões e o núcleo estão representados na FENAJ pela Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Etnicorracial (Conajira). Com uma forte atuação em rede, cada grupo criou sua plataforma de ação com um propósito em comum: a mobilização de jornalistas contra o racismo.